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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Já é tarde

Já é tarde. Estou cansada. Com os olhos pesados, as costas curvadas, os dedos arrastandos pelo teclado. Estou ouvindo música, e já não sei mais se ela é triste ou feliz. Está no último volume, assim que é bom.
Está tarde, estou cansada, mas, meu peito está aberto. Meu coração está ferido. Minhas costas estão curvadas diante da dor. Meus olhos borrados do rímel, minhas lágrimas...negras. Boca seca. Álito doce. Dedos confusos. Pêlos arrepiados. E a música continua tocando, sem parar, até que meu cérebro canse dela, até que a noite canse dela, até que minha dor pare.
Janela meio aberta. Céu negro. Silêncio. Todos dormindo. E eu ouvindo a música, com os monstros que estavam preso,s saindo de dentro de mim pra fazer festa, e dançar ao meu redor. Depois eles voltam que eu sei. Nem ligo.
Já é tarde, estou cansada, mas a melodia da música me envolve, me fazendo esquecer que tenho que dormir pra acordar e viver o amanhã! Minhas costas estão cada vez mais curvadas. Minha pele, arrepiada pelo vento manso que passa pela pequena abertura da janela, esbarra na cortina leve, e encosta na minha pele desprotegida. Brisa mansa. Brisa doce. Brisa leve. Daquelas que batem, arrepia, e emociona.
Já está tarde. Preciso lavar o rosto, apagar o borrão que os envolve, fazendo-me parecer uma moça de rua, abandonada. Preciso manter a postura. Acalmar meus dedos escorregadios. Me enrolar do cobertor pra me proteger da brisa fria. Preciso dormir.